Cinema

Nos filmes nomeados aos Óscares 2011 encontra-se neles algo em comum: os limites do ser humano e histórias baseadas em factos reais. Talvez seja coincidência, pode ser que já se tenham reunido numa única edição destes prémios um conjunto de obras com estas particularidades e histórias verídicas passadas para o cinema são receita crónica, mas dando uma vista de olhos aos nomeados de anos anteriores, percebe-se que não existe tema comum entre os eleitos e não estaremos perante eventuais tendências da indústria cinematográfica, mas sim um défice resultante de, quem sabe, mais uma “indústria” afectada pela crise. A arte existe em todas as obras, mas dissimula-se suprimida nas grandes produções. Como dizia um artista brasileiro, “Se se ganha dinheiro, o Cinema é uma indústria. Se se perde, é uma Arte.


The Fighter (Último Round) é baseado em factos reais, a história do boxeur Micky Ward e seu irmão que virou treinador, após vários problemas com drogas e crime, para se unirem e protagonizarem um exemplo de vida, pode-se considerar uma limitação do ser humano superada a níveis afectivos. No filme 127 Hours a personagem profere “don’t give up” num desespero profundo e uma frase no trailer caracteriza a moral da história: “Não há força na terra mais poderosa do que a vontade de viver”. Também é baseado numa história verídica e conta como Aron Ralston passou por horas de sofrimento com o braço preso numa rocha e mais uma: do que o ser humano é capaz para sobreviver. Em Black Swan (O Cisne Negro) temos mutilação corporal, intensa transformação física e uma busca incessante pela perfeição artística. Darren Aronofsky, o realizador, tem-se pautado na sua carreira por explorar os extremos do ser humano em Requiem for a Dream (A Vida não é um Sonho) e The Wrestler. Black Swan conta a história de uma bailarina que se debate com uma manifestação da mente em que para atingir um nível de exigência viaja por distúrbios e perturbações, um jogo de espelhos com o próprio ser, que podem levar à morte. The King's Speech (O Discurso do Rei) aborda a terapia da fala, gaguez, falar em público (fobia social, sociofobia, TAS). Curiosidades: o argumentista sofria do mesmo problema; teve que esperar pela morte da rainha-mãe que durou 101 anos (a pedido do filho do terapeuta da fala, quem lhe facultou apontamentos úteis para concluir o guião). Entre uma doença grave (do argumentista) e o facto do trabalho ter entretanto passado de guião de cinema para argumento de teatro, polémicas sobre factos históricos e cronológicos, lá se fez a obra para ser nomeada a 12 estatuetas.

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