Boicote à defesa do contribuinte está para breve

A forma como a informação sobre o programa de ajustamento chega ao público, ao contribuinte, enfim ao principal interessado é bruta e difícil de entender. É um bombardeamento de notícias sem explicação, algumas são de pura satisfação do austerizado, outras apenas vão "na onda" e até nos apercebemos que algumas trazem publicidade reforçada. Os comentários e comentadores repetem-se à exaustão ao ponto de perdemos a ideia de quem disse o quê. Não conseguimos acompanhar as contas que fazem, porque nem sequer fazem contas.

A comunicação é o 4º poder, já dizia o "O Independente".

Doença

"A natureza parece quase incapaz de produzir doenças que não sejam curtas. Mas a medicina encarrega-se da arte de prolongá-las" - Marcel Proust

"Considerando como a doença é comum, como é tremenda a mudança espiritual que traz, como é espantoso quando as luzes da saúde se apagam, as regiões por descobrir que se revelam, que extensões desoladas e desertos da alma uma ligeira gripe nos faz ver, que precipícios e relvados pontilhados de flores brilhantes uma pequena subida de temperatura expõe, que antigos e rijos carvalhos são desenraizados em nós pela acção da doença, como nos afundamos no poço da morte e sentimos as águas da aniquilação fecharem-se acima da cabeça e acordamos julgando estar na presença de anjos e harpas quando tiramos um dente, vimos à superfície na cadeira do dentista e confundimos o seu «bocheche... bocheche» com saudação da divindade debruçada no chão do céu para nos dar as boas-vindas - quando pensamos nisto, como tantas vezes somos forçados a pensar, torna-se realmente estranho que a doença não tenha arranjado um lugar, juntamente com o amor, as batalhas e o ciúme, por entre os principais temas da literatura." - Virginia Woolf

Todos contra a TSU

Até os patrões estão contra a TSU!... Nunca se assistiu a este "abraço", esta onda de solidariedade magnífica por parte do patronato e capitais para com os trabalhadores. Já o evangélico diz: "Deus é tão bom!". E nós dizemos: "Aleluia". E já agora... não quererão dar uma mãozinha e apoiar-nos nesta luta contra o resto dos cortes? O autor da seguinte frase: "esse dinheiro (da TSU) é altamente reprodutivo, é a melhor maneira de promover o crescimento e a criação de emprego" é ninguém mais que o ilustre senhor Belmiro de Azevedo, o mesmo empresário e patrão que fala hoje em "navegações à vista". O governo de José Sócrates comprometeu-se com o Fundo Monetário Internacional a fazer um “corte significativo” da Taxa Social Única. O corte na taxa social única corresponde a um corte indirecto de salários – a ideia é aliviar os encargos das empresas com os descontos para a segurança Social (tornando-as mais competitivas nos mercados externos) e compensar com subidas de outros impostos, nomeadamente sobre o consumo. Teixeira dos Santos explicou que o compromisso assumido com a troika implicava que já no final de Julho de 2011 o governo eleito teria que identificar "as medidas que podiam compensar euro por euro aquilo que se perderia com a redução da TSU". Muita gente diz e bem que já houve muitas subidas de impostos (o que quer que se entenda por "imposto"), como foi o IVA, tornando injustificável a comparticipação na TSU por parte dos trabalhadores. No entanto, já percebemos, mesmo que mal explicado pelo governo, que essa comparticipação é a resposta ao chumbo do Tribunal Constitucional, como se confirma pelo valor resultante próximo de um subsídio e com as "modelações").