Nasci num país e numa altura em que quase tudo era um luxo; não vou incluir a água potável para não parecer triste. Havia coisas, hoje insignificantes, que na altura tinham a mesma magia que hoje tem uma consola de jogos entregue a uma criança. Não vou falar nos brinquedos manufacturados. Os carrinhos (miniaturas) Matchbox e a Coca-Cola eram mais importantes do que televisão, aliás, não me lembro de ver televisão nesse tempo. Um passeio ao domingo e o lanche na esplanada da praia, o café vinha servido com o respectivo copo de água
e, logo a seguir... a Coca-Cola! Uma aparição brilhante, fresca, o vidro baço com sua forma e relevo singular, o líquido negrume, repentino desejo que apelava a um trago em seco, prévio, de preparação para o ritual ansiado. Vinha com uma palhinha branca e qualquer coisa R, G ou B, era insignificante, durante o movimento que começava no agarrar o corpo da garrafa e levar as borbulhas à garganta mal se ouvia a voz zelosa a aconselhar “está gelada”, “bebe devagar”. O pior, era quando já tudo controlado após os primeiros dois goles, vinha um vilão pedir “deixa-me provar”... houve alturas em que disse “NÃO” com toda a propriedade! O momento era demasiado importante...
e, logo a seguir... a Coca-Cola! Uma aparição brilhante, fresca, o vidro baço com sua forma e relevo singular, o líquido negrume, repentino desejo que apelava a um trago em seco, prévio, de preparação para o ritual ansiado. Vinha com uma palhinha branca e qualquer coisa R, G ou B, era insignificante, durante o movimento que começava no agarrar o corpo da garrafa e levar as borbulhas à garganta mal se ouvia a voz zelosa a aconselhar “está gelada”, “bebe devagar”. O pior, era quando já tudo controlado após os primeiros dois goles, vinha um vilão pedir “deixa-me provar”... houve alturas em que disse “NÃO” com toda a propriedade! O momento era demasiado importante...
Toda a gente conhece, em todo o mundo, o sabor da Coca-Cola. O caramelo, café, xarope, são sugestões vulgares e aceitáves. Vem à ideia o refrigerante simultaneamente especial e familiar, faz parte da alimentação, deve-se evitar dar às crianças e beber sempre com moderação. A Coca-Cola tem muita fama, já fizeram de tudo para denegrir um produto com uma história invejável, um marketing a uma escala impressionante, no entanto, não passa de um refrigerante. Será?
Em Fevereiro de 2011, o programa de rádio norte-americano “This American Life” fez uma investigação e garantiu ter descoberto a receita original, a que tinha extracto de fluido de coca e álcool. Apesar do desmentido por parte da Coca-Cola, não deixou de despertar a curiosidade das pessoas em todo o mundo e a notícia apareceu por todo o lado, assim como a receita. No entanto, continua a dúvida sobre o 7X Flavour (o ingrediente secreto) e a quantidade exacta de açucar. Não sendo para mim uma questão fundamental descobrir o segredo da Coca-Cola, para as empresas da concorrência parece ser, sem dúvida, uma luta incessante. Apesar da Pepsi vender muito em todo o mundo, a Coca-Cola tem na sua história algo de espontâneo e curioso que fez com que se tornasse no que é hoje, ou seja, a receita criada pelo farmacêutico John Pemberton em 1884 tinha como objectivo curar o vício da morfina e, ao mesmo tempo, criar uma bebida intelectual, vigorante do cérebro e tónica para os nervos, sendo, inicialmente uma mistura de folhas de coca, grãos de nós de cola e álcool. O álcool foi retirado da receita porque se viviam tempos de puritanismo e a ingestão pública de álcool era condenável pela sociedade. Pemberton insistiu em criar uma receita e comercializar uma bebida. Na altura, estavam na moda as bebidas carbonatadas misturadas com um xarope a dar-lhe sabor. Pemberton acabou por seguir essa procura, criar a receita e vendê-la. A folha de coca foi retirada da receita por razões óbvias e a noz de cola (abajá, café-do-sudão, mukezu) tinha custos de produção muito elevados.
O resto da história da Coca-Cola é Marketing. Até mesmo a ideia de que existe um segredo guardado num banco em Atlanta e só haver duas pessoas que sabem do segredo, sendo que cada uma só sabe metade e nunca podem viajar juntas para não haver acidentes... é Marketing!
Seja lá o que fôr, a Coca-Cola é uma bebida especial e eu adoro. E quando peço uma Coca-Cola no café e me perguntam se pode ser uma Pepsi, a minha resposta é "Não"!
Fórmula secreta da Coca-Cola regressa a casa
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